O mercado de café movimenta mais de 100 bilhões de dólares anualmente, sendo a 2ª bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água. Nunca foi tão fácil negociar café sem sair da sua casa, e podendo começar com pouco dinheiro.
Esse é o artigo definitivo sobre café, você não vai encontrar outro com tantas informações quanto esse.
Vamos ver como o café saiu de um simples arbusto das montanhas da Etiópia para estar presente em mais de 2 bilhões de xícaras que abastecem diariamente casas e escritórios ao redor do mundo. Além do cafezinho do dia a dia, essa planta está presente em refrigerantes e remédios.
O Presente do Pastor Kaldi
O café teve sua origem curiosa na Etiópia do século IX (nono), e hoje o é o ouro negro das commodities agrícolas, e foi o ciclo econômico responsável pela industrialização do Brasil. A história do café nos leva à África, na Etiópia do ano 800 e pouco. A lenda é que um pastor chamado Kaldi notou o efeito estimulante que as frutas vermelhas de um arbusto causavam em suas cabras.
Intrigado com esse efeito, o pastor decidiu experimentar as frutas ele mesmo. Ele se sentiu revigorado e compartilhou essa descoberta com os monges locais, que passaram a utilizar a planta para se manter alerta durante as orações noturnas.
A notícia sobre as propriedades estimulantes do café se espalhou para outras regiões da África e, depois pro Oriente Médio, onde a bebida se tornou parte integrante da cultura árabe, que se abstém do álcool e viu no café um bom companheiro para ocasiões sociais e comerciais.
Das Rotas de Comércio ao Iluminismo
A própria palavra café vem de ‘qahwah’, o termo árabe pro vinho. No século XV, o porto de Moka, no Iêmen, havia se tornado um grande centro da negociação de café, e com a expansão do comércio marítimo no século XVII (dezessete), a bebida chegou à Europa, com a primeira cafeteria abrindo em Veneza em 1645.
A bebida logo se tornou um símbolo de sofisticação e ficou popular entre as elites de Paris, Londres e Amsterdã, abastecendo os filósofos e artistas do Iluminismo, como Voltaire, Kant e Beethoven, que exagerava em seu café, com 60 grãos por xícara.
No século XVIII, o café chegou às colônias americanas e rapidamente se tornou uma bebida popular na América do Norte, o que levou os britânicos e franceses a estabelecerem seu cultivo no Caribe e na Guiana.
Ouro Negro: da África à Industrialização do Brasil
E foi daí que o café chegou ao Brasil, há 300 anos atrás, pelo porto de Belém do Pará. A planta teria sido contrabandeada pelo oficial português Francisco de Melo, após receber as sementes da primeira-dama de Caiena, a Madame d’Orvilliers.
Pelos próximos 100 anos, o café se espalhou pelo Brasil e se tornou a força-motriz do crescimento nacional, e em 1850 o país já cultivava 40% do café mundial, e até hoje produz o dobro do segundo colocado, que é o Vietnã, seguido pela Colômbia.
Tanto o Brasil império quanto a república brasileira dependeram da cafeicultura para se sustentar, e é graças a essa semente que o país teve divisas para construir suas primeiras fábricas e ferrovias.
Combustível para a Indústria
Tudo para suprir a demanda insaciável do mundo que havia se incorporado ao cotidiano de trabalhadores de Estados Unidos e Europa e se tornado a fonte de energia dos trabalhadores das novas cidades industriais.
A produção em larga escala e o crescente comércio levaram à padronização do café, como em qualidade, tamanho do grão e outros parâmetros, como a saca de 60kg, que vigora até hoje.
Assim, se tornou possível estabelecer preços e prazos para entrega do produto, tornando o café de fato uma commodity sujeito às leis de oferta e demanda e à especulação financeira. Hoje você consegue comprar e vender café pelo seu celular, e eu vou mostrar na prática como se dá a negociação de café seja para trade de curto prazo ou investimento de longo prazo.
O Café vira Commodity
A Bolsa de Valores de Nova York teve um papel fundamental no estabelecimento do café entre especuladores. Em 1882, foi criado o New York Coffee Exchange, um mercado específico para negociação de contratos futuros de café.
No Brasil, em 1957 os futuros de café passaram a ser negociados pela Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BM&SP), o que permitiu aos produtores e comerciantes do país se protegerem contra as variações do preço, bem como investir em café.
Essa cadeia de produção atualmente vai desde pequenos produtores familiares até grandes empresas de torrefação e distribuição.
Quem Produz e Quem Consome Café
Apenas os produtores brasileiros de café faturaram em 2022 55 bilhões de reais, e seus maiores clientes são empresas conhecidas mundialmente, como Kraft, P&G, Nestlé e Coca-Cola, que absorvem mais da metade da produção mundial do café, do qual extraem a cafeína pra energéticos, refrigerantes e remédios.
Os maiores consumidores de café em geral são os Estados Unidos e o Brasil, mas em termos de consumo por habitante, é maior no norte da Europa, com os finlandeses consumindo quase 10 xícaras por dia (não tentem fazer isso em casa. Esse artigo não é recomendação para você tomar café em excesso, que pode levar a problemas cardíacos. Também não é recomendação de compra e venda de café, e apenas você pode escolher a plataforma onde vai negociar café de acordo com a legislação local.
O Efeito Starbucks
Um americano médio gasta cerca de mil dólares por ano com café, ou 20 dólares por semana, que é o preço de um iPhone novo, e seu consumo também é maior entre os jovens, devido ao chamado ‘efeito Starbucks’, que permite cobrar mais pelo café como experiência.
O café teve um papel fundamental na economia de vários países, principalmente do Brasil, onde impulsionou a indústria e a infraestrutura, e hoje é o sexto maior produto de exportação do país, sendo o primeiro a soja, e em segundo o milho.
E se você quer que eu escreva sobre alguma outra commodity que você tenha interesse em investir ou treidar, é só escrever nos comentários que eu vou ler.
Café: Da Xícara ao Mercado Financeiro
É certo que o café vai seguir sendo uma fonte de energia para bilhões de pessoas pelo mundo sendo parte integrante da nossa rotina, o que vai de encontro com os interesses de um investidor, por conta da liquidez e volatilidade que fazem do café um ótimo ativo para ser negociado no mercado financeiro.
Hoje temos acesso simples e barato a instrumentos financeiros sofisticados, o que nos permite lucrar com a negociação de café sem precisarmos cultivar ou distribuir o café para lucrar com esse mercado.
Dá uma olhada no vídeo que eu fiz sobre o café com algumas dicas de como lucrar com o comércio desse grão fascinante: