A Tesla é hoje a 11ª maior empresa do mundo, com faturamento de 100 bilhões de dólares por ano. Em menos de duas décadas, ela desbancou as gigantes do setor, criou um mercado que não existia, de transporte por baterias de energia solar, e hoje produz 1,8 milhão de carros por ano e pretende chegar a 10 milhões em um futuro próximo sustentável.
A Chegada de Musk
A Tesla Motors foi fundada na Califórnia em 2003 por dois engenheiros do Vale do Silício para produzir carros esportivos elétricos. Nessa época já havia a preocupação quanto aos combustíveis fósseis, mas a ideia de um carro elétrico parecia inviável.
No ano seguinte, 2004, Elon Musk investe U$ 6,5 milhões na empresa, e ele ainda entraria com dez vezes isso nos anos seguintes, e é até hoje o maior acionista, com 20% das ações. Nos primeiros cinco anos, a empresa se concentrou em arrumar investidores privados para financiar pesquisa e desenvolvimento, e enfrentou diversos desafios técnicos e financeiros.
Em 2008 os sócios originais deixam a direção e Elon Musk se torna CEO, tomando medidas drásticas para a Tesla não quebrar, como o corte de 1/4 dos funcionários e meio bilhão de dólares em empréstimos. No mesmo ano a Tesla lança o seu primeiro modelo, o Roadster, que provou a viabilidade de um carro esportivo elétrico, com autonomia para quase 400 km de viagem por recarga.
IPO e os Primeiros Modelos
Foram produzidas 2.500 unidades do Roadster nos 4 anos em que esteve em produção, e ele hoje é item de colecionador: um usado é vendido a 2,5 vezes o preço original de U$ 100 mil. Hoje a Tesla vende 700 vezes mais carros que isso, mas o Roadster foi um divisor de águas ao chutar a porta desse setor e tornar a Tesla a primeira automobilística a abrir seu capital na Bolsa americana desde o IPO da Ford, em 1956.
No IPO da Tesla, em 2010, ticker TSLA, foram emitidas 13,3 milhões de ações a U$ 17 dólares cada, e até o fim do dia já tinha subido 40%. Assim, eles levantaram U$ 226 milhões e começaram a desenvolver o modelo S, um sedan, lançado em 2012.
Em 2013, a produção do S estava custosa e as ações desvalorizaram mais de 20% quando um deles pegou fogo, com o Elon Musk chegando a oferecer vender a Tesla pro Google por U$ 11 bilhões, mas as vendas melhoraram e o acordo não foi adiante. A Tesla chegou a valer 100 vezes mais que isso oito anos depois.
Nessa época começa o desenvolvimento do piloto automático, e em 2015, lançam o Powerwall, um sistema de armazenamento de energia em casa, que teve U$ 800 milhões de dólares em pedidos em menos de 1 semana, com seu SUV, o modelo X, sendo lançado no fim daquele ano.
Um novo player mundial
Em ‘16, a Tesla entra no ramo de energia solar ao adquirir por U$ 2,6 bilhões a maior empresa de instalação de painéis solares dos Estados Unidos, a Solar City, dos primos do Elon Musk. A essa altura a Tesla era mais que uma fabricante de automóveis, era uma big tech de energias renováveis, então tiraram o Motors do nome e ficou só Tesla.
Em 2017 lançam um sedan mais popular, o Modelo 3, que sairia por U$ 35 mil e atraiu 325 mil reservas pelo mundo na primeira semana, fazendo o valor de mercado da Tesla chegar a U$ 50 bilhões, e ultrapassando as centenárias de Detroit: Ford, Chrysler e General Motors.
O 3 fez a empresa ganhar escala e ir de uma empresa deficitária para lucrativa em 2019, quando produzia 300 mil carros por ano. Cinco anos depois, ela produz 6 vezes isso, com margem de 20%, coisa que só fabricantes de luxo, como a Ferrari, conseguiam.
Mas se a Ferrari tem a Fórmula 1 para aparecer, a Tesla tem o Elon Musk, que em 2018, usou sua outra empresa, a Space X, para lançar seu Roadster no espaço pilotado por um Starman ouvindo David Bowie. Um dos diferenciais da Tesla, é que, assim como a Ferrari, ela tem gasto zero com marketing, enquanto Ford e Toyota despendem U$ 400 com publicidade por cada carro vendido.
Uma Marca Sexy
Em 2020, é lançado o quinto modelo da marca, o Y, um crossover do X com o 3, que em 2023 ultrapassou o Toyota Corolla e se tornou o carro mais vendido do mundo. Com isso, a empresa teve seus primeiros quatro trimestres seguidos de lucro e entrou para o S&P 500, além do importante marco de soletrar “Sexy” com seus modelos.
Em plena pandemia, as ações subiram 700% em 1 ano e o valor de mercado da Tesla passa de U$ 1 trilhão, se tornando a 5ª maior empresa dos Estados Unidos e passando a ser não só a maior fabricante de automóveis do mundo, como a valer mais que as 10 seguintes somadas: Toyota, BYD, Volkswagen, deixou todas no chinelo.
No fim de ‘23, a Tesla lança sua pickup pós-apocalíptica, o Cybertruck, o sexto modelo da marca, e cinco deles ainda são produzidos, com exceção do Roadster.
Os Ativos da Tesla
A Tesla hoje tem 7 Gigafactories nos Estados Unidos, Alemanha e China, onde produz em larga escala componentes-chave para seus veículos, além de baterias e sistemas de armazenamento de energia.
A empresa também possui uma dúzia de fábricas menores e mais de 1.200 lojas pelo mundo, sendo a primeira fabricante americana a vender carro direto pro consumidor, que pode encomendar carros, na loja ou pelo site, que vão de 40 a 100 mil dólares.
A Tesla também possui 6 mil estações de supercharge pelo mundo, que ficam em estradas e garantem 320 km de rodagem com 15 minutos de recarga, e outros 55 mil conectores em áreas residenciais, onde você deixa o carro carregando à noite.
A Geografia do Sucesso
O grosso das vendas vem dos Estados Unidos, onde mais da metade dos carros elétricos vendidos é da Tesla, que tem 4% de market-share no país, com quase 500 mil carros vendidos em 2023. Quase metade do faturamento da Tesla vem de seu país-natal.
O segundo maior mercado é a China, onde a Gigafactory de Shangai expeliu mais de 600 mil veículos em 2023, o dobro das vendas nos Estados Unidos, mas rendendo só metade do faturamento, já que na China os Tesla são vendidos mais barato para enfrentar a concorrência da gigante local BYD, Build Your Dreams. A China já é o país com a maior frota de carros elétricos do mundo, 4 vezes a americana e quase metade da global.
O terceiro maior mercado da Tesla é a Europa, de onde veio 30% do seu faturamento, U$ 30 bilhões, com a venda de 200 mil carros. Na Noruega o market-share já é de 23%, sendo o maior país com Tesla por habitante, e a partir de 2025, só vai permitir carros elétricos.
Desempenho de Gigante
85% do faturamento da Tesla vem da venda de automóveis, os outros 15% vem dos sistemas de gestão e armazenamento de energia e de serviços.
Em 2023 ela vendeu 1,8 milhão de carros [imagem produção], um aumento de 35% em relação ao ano anterior, sendo 1,2 milhão do Y, o campeão de vendas, e meio milhão do 3. Menos de 5% das vendas, ou 70 mil veículos, são dos modelos de alto padrão, X e S.
A Tesla vale, em março de 2024, 600 bilhões de dólares, o que faz dela a 11ª maior companhia do mundo, mas já chegou ao dobro disso em janeiro de ‘22, quando a ação chegou a U$ 400. Hoje está na casa dos 200, e não distribui dividendos.
O modelo 3 se tornou, em 2021, o primeiro carro elétrico a ultrapassar mais de 1 milhão de unidades vendidas, mas os chineses estão no cangote e a BYD chegou a superar a Tesla nos Estados Unidos em 2022, vendendo mais de meio milhão de elétricos.
Na Europa, a marca ainda enfrenta a concorrência de fabricantes tradicionais da região, como a Renault. O futuro da Tesla vai ser mais desafiador agora que o carro elétrico ganhou visibilidade e as gigantes estão investindo pesado nesse segmento: Ford, GM, Nissan, além de startups como a Rivian.
Perspectivas para o futuro
Hoje a Tesla tem 140 mil funcionários pelo mundo, poucos no chão da fábrica, já que um dos fortes da empresa é a linha de montagem altamente mecanizada. Até hoje foram produzidos 5 milhões de Teslas, de uma frota mundial de 26 milhões de elétricos, e pretendem chegar a 10 milhões por ano, que é a produção anual de Volkswagen e Toyota.
Ainda nessa década, a Tesla pretende atingir um automóvel autodirigido, um robô-taxi, o Semi truck, que é uma caminhonete que já está em projeto piloto, com a PepsiCo testando. Estão para lançar também um novo Roadster, e a NextGen, um software de I.A. que virá com os carros.
Um Case de Sucesso
A Tesla é um dos cases mais incríveis da Bolsa. Conseguiu desbancar empresas centenárias que todos imaginavam imbatíveis, só com a visão dos seus membros em criar um futuro de mobilidade sustentável, e a disposição de gerar toda a infraestrutura necessária para isso.
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Isso não é uma recomendação de compra ou venda de Tesla, no vídeo abaixo eu fiz uma análise com fins educativos dos gráficos de preço de Tesla: