O mercado do milho é o maior mercado de commodities agrícolas. Nesse artigo vamos ver tudo sobre milho para você que se interessa por mercado financeiro, investimentos, day trade.
Tem uma playlist de commodities no canal, mas chega de papo, vamos falar de números, dados, métricas desse mercado, vamos ver como negociar milho através de derivativos, até a história do milho a gente vai ver no final para ser um artigo bem completo.
Milho para Ração e Combustível
O milho, junto com o arroz e o trigo, é responsável por ⅔ das calorias consumidas pela humanidade. Esse mercado é gigante. Mas isso não se deve ao fato de muita gente comer pipoca no cinema: apenas 10% do milho é usado para alimentação humana. Os outros 90% são usados para 2 coisas: alimentar os animais e produzir biocombustíveis.
Esse artigo não é uma recomendação de compra de milho, o objetivo é entender um pouco mais desse mercado: vamos conferir alguns números, entender a cadeia produtiva, onde acessar os dados mais relevantes da produção de milho e como negociar. A gente está falando da commodity agrícola mais importante do mundo, então vamos ver tudo sobre mercado do milho para investidores e traders.
A Cadeia de Produção do Milho
O mundo produz, por ano, 1,2 bilhão de toneladas de milho, mais que qualquer outro grão. 35% dessa produção vem dos Estados Unidos, que são o maior produtor, consumidor e exportador de milho. Outros 20% vêm da China, e o Brasil é o 3º maior produtor, com 120 milhões de toneladas, o que equivale a 10% do milho produzido no mundo, seguido da Argentina, com cerca de metade da produção brasileira.
A cadeia do milho começa com grandes produtores de sementes. Elas chegam aos fazendeiros, que cultivam o milho e entregam aos moinhos, onde os grãos são selecionados e secos, de onde seguem para as distribuidoras e manufaturas, que o transformam em alimento, adoçante, ração e biocombustível.
Solo Fértil no Meio-Oeste Americano
Eu estou escrevendo esse artigo bem no momento que os preços dos futuros de milho dispararam devido a uma seca nos Estados Unidos, então é evidente que o investidor e o trader precisam se atentar a questões como essa quando negociam milho ou outra commodity agrícola.
O período do verão, em que o milho está no solo crescendo, é o de maior volatilidade no mercado, qualquer notícia sobre secas ou inundações no Meio-oeste americano pode impactar no preço, como em 2023, quando uma seca no interior dos Estados Unidos fez o Brasil virar o maior exportador de milho por um tempo. A maior parte do milho brasileiro vem dos estados do sul, do centro-oeste e de Minas Gerais.
Milho: Do Campo à Mesa
Mercados agrícolas são muito marcados pela sazonalidade, e o mercado de milho, assim como o de soja, tende a ter mais volatilidade na fase de cultivo, da primavera ao outono, que é a época de maior incerteza na produção agrícola, quando o campo já está semeado e exposto a todo tipo de risco: como excesso de chuva, ou de sol, e essa incerteza faz preço. Conforme o milho é colhido e já se sabe quanto milho haverá em circulação, cai a incerteza e, com isso, tende a reduzir a volatilidade do preço do milho depois de colhido.
Além de gerar ração animal, atualmente, grande parte do milho é usado para produzir biocombustíveis. Até a gasolina hoje leva 10% de etanol, um álcool feito de cana-de-açúcar ou de milho.
Essa versatilidade do milho só foi possível com várias décadas de pesquisa, que foram desvendando todos esses usos para a planta, que hoje é um mercado, só nos Estados Unidos, de 90 bilhões de dólares, e a maior planta em área cultivada no país, com quase 400 km² dedicados ao cultivo de milho, que desempenha um papel central na economia e na cultura rural dos Estados Unidos.
Os Contratos Futuros de Milho
A gente negocia milho através de derivativos. Sejam contratos futuros nas bolsas de valores, ou outros tipos de instrumentos mais acessíveis para quem tem pouco capital, já que negociar um lote de milho na bolsa é muito mais caro que negociar um lote de mini índice. Quer um exemplo?
O tamanho do contrato futuro de milho no brasil é de 450 sacas de 60 kg, o que equivale a 27 toneladas métricas. Hoje está sendo negociado na casa dos 60 reais, então 60 vezes 450 é igual a 27 mil reais, vai ter corretora pedindo margem de 3 mil reais para operar um contrato, enquanto no mini-índice com 100 reais você consegue.
Então acaba ficando caro operar milho futuro pro cidadão comum, o que faz muitos buscarem outros produtos financeiros em mercados globais, mas eu não posso recomendar nesse momento apra pessoas residentes no Brasil a negociação de certos instrumentos financeiros.
Mais à frente eu vou dar uma olhada no gráfico do milho, mas quero frisar que nada não é recomendação de corretora nem recomendação de compra de milho.
Fatores que Impactam no Preço do Milho
Mas o que influencia no preço dos contratos futuros de milho? Diversos fatores, como condições climáticas, preço do dólar e do petróleo, demanda de setores como alimentos e bebidas. Na semana em que eu estou escrevendo esse texto, houve um ataque russo na Ucrânia que fez o preço do milho subir, então são muitos fatores impactando o preço.
Tem várias formas de se expor ao milho. Você pode comprar ações de empresas da cadeia de produção do milho, tem ETFs de commodities agrícolas, contratos futuros, contratos por diferença, tem que ver qual forma se adequa ao seu perfil e a regulação do seu país.
Contratos Futuros de Milho
Os contratos futuros surgem para proteger o produtor de milho dos riscos da colheita: ele vende um contrato futuro, fica ‘short’ em milho, buscando não ter prejuízo caso o preço do milho venha a cair até a colheita. Já as indústrias que precisam comprar o milho, ficam ‘long’: elas compram esses contratos futuros para se precaver caso o preço do milho venha a subir.
Assim, esses participantes do mercado de milho real, físico, podem planejar suas operações e reduzir as incertezas enquanto os campos ainda estão sendo semeados e expostos a todo tipo de intempérie.
Os derivativos permitem a atuação especulativa, daqueles que querem operar somente o preço do milho, sem participar do comércio do produto físico, como os traders, que buscam capitalizar sobre mudanças nos preços dessa commodity, usando estratégias de negociação que inclusive você encontra nesse canal.
O Price Action permite que você lucre com milho sem ter uma conexão direta com esse universo. O trader de Price Action aplica no milho a mesma estratégia que ele aplica no dólar, no bitcoin. Então muita coisa nesse artigo é mais pro investidor de longo prazo, mas tem algumas sacadas aqui que vão servir pros traders de milho.
A História do Milho: Uma Planta Americana
Como eu prometi, deixa eu contar um pouco da história do milho para você que pretende entrar nesse mercado. O milho foi domesticado na América Central, há 10 mil anos atrás, a partir do ‘teosinte’, uma gramínea selvagem que pouco se parece com o milho atual. Várias gerações de pessoas foram selecionando as variedades melhores e mais resistentes, e o cultivo do ‘maíz’ foi se espalhando e logo chegou aos nativos de todas as Américas, de norte a sul.
Quando Colombo chegou, no fim do século XV, o milho sustentava dezenas de milhões de pessoas por todo o continente americano, inclusive nos impérios inca e asteca.
O próprio Colombo conheceu o milho nas ilhas do Caribe e ficou fascinado com a planta e a levou para a Europa, junto com batata, tomate, abacaxi, cacau, e o peru. A Europa demorou a ver o milho como mais que ração para porcos, mas atualmente o milho conquistou o velho continente e a França e Ucrânia estão entre os maiores produtores de milho do mundo.
É curioso que o México, onde surgiu o milho, hoje é um dos maiores importadores dele, porque o México é um país montanhoso, e é tanta tortilla sendo preparada, que compensa trazer parte desse milho dos Estados Unidos, que produzem ⅓ do milho do mundo, em grande parte graças ao rio Mississippi.
Não é à toa que essa é uma das commodities mais tradicionais na Bolsa de Chicago: começou em 1877 e segue sendo o mercado de grãos mais líquido do mundo: são mais de 400 mil contratos futuros negociados diariamente.
Confere o meu vídeo sobre o mercado de milho: